sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Conhecimento


Disciplina: Filosofia – Professores: Jair Luis Backes/Tiago Ávila

CONHECIMENTO
(AMPLIAÇÃO DO CONHECIMENTO – 2ª AULA)

A Filosofia, desde sua origem com os pré-socráticos, tem se desenvolvido cada vez mais nas diferentes áreas do saber. Já com Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), filósofo grego, os estudos abordados pela filosofia foram subdivididos em grupos temáticos comuns. Hoje, pode-se considerar a Filosofia subdividida nos seguintes grupos: Antropologia, Epistemologia, Ética, Estética, Lógica.
É possível observar o avanço da filosofia através da análise que já realizamos de sua história de forma resumida – passagem do mito para o pensamento racional buscando responder questões cosmológicas; introdução do cristianismo no mundo intelectual (Padres – Patrística) e debate sobre a fé e a razão e posteriormente sobre o homem (finito) e Deus (infinito); retomada do classicismo e das obras de Platão e Aristóteles, valorização da política (transformações político-territoriais), questionamento do poderio dos imperadores e do Papa, avanço das descobertas científicas; já na Modernidade, o homem passa pela transformação do racionalismo, tornando-se sujeito do seu conhecimento, conquista a técnica e a ciência; influenciada pelo movimento iluminista, o ser humano evolui na conquista da liberdade política e social; e por fim, no período atual, Contemporâneo, observa-se novas descobertas históricas e a evolução de diferentes movimentos que defendem a desconstrução dos movimentos até então estruturados (desconstrutivismo da historicidade, positivismo, relação razão instrumental e razão crítica).
Esta subdivisão da filosofia pode ser apresentada de outras formas, mas as principais são estas áreas de pesquisa:
ANTROPOLOGIA: Do grego ‘anthropos’, homem + ‘logos’, razão, estudo, é a ciência preocupada em estudar o homem e a humanidade de maneira totalizante, ou seja, abrangendo todas as suas dimensões. É a parte da filosofia que investiga a estrutura essencial do homem; A antropologia filosófica é uma antropologia da essência e não das características humanas. Possui métodos próprios de investigação; problemáticas e autores que se dedicaram quase que exclusivamente a esta área da filosofia.
EPISTEMOLOGIA: será apresentado no texto.
ÉTICA: A palavra Ética é originada do grego ethos, que significa modo de ser, caráter. Através do latim mos (ou no plural mores), que significa costumes, derivou-se a palavra moral.  Em Filosofia, Ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento indivíduo - sociedade. Define-se Moral como um conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. Moral e ética não devem ser confundidos: enquanto a moral é normativa, a ética é teórica e busca explicar e justificar os costumes de uma determinada sociedade, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns. Porém, deve-se deixar claro que etimologicamente "ética" e "moral" são expressões sinônimas, sendo a primeira de origem grega, enquanto a segunda é sua tradução para o latim.
ESTÉTICA: Estética é a área da filosofia que estuda racionalmente o belo - aquilo que desperta a emoção estética por meio da contemplação - e o sentimento que ele suscita nos homens. A palavra estética vem do grego aesthesis, que significa conhecimento sensorial ou sensibilidade, sendo adotada para nomear o estudo das obras de arte como criação da sensibilidade, tendo por finalidade o belo.
LÓGICA: é a parte da filosofia que estuda e sistematiza a argumentação válida de um discurso, de sentenças, de afirmações. A lógica elementar é usada como instrumento pela filosofia, para garantir a validade da argumentação. Este assunto será tratado no segundo semestre.
Outras formas de dividir a filosofia:
Pelos períodos históricos: antiga ou clássica, medieval (patrística e escolástica), moderna (renascentista e iluminista) e contemporânea.
Por áreas de desenvolvimentos e pesquisas: antropologia, ética, estética, lógica, teoria do conhecimento ou epistemologia, metafísica, política, da ciência, da linguagem, da educação, etc.
Destes grandes grupos da Filosofia, consideremos a Epistemologia, também chamada de Teoria do Conhecimento. A Epistemologia, palavra formada pelos termos gregos ‘episteme’ (ciência, conhecimento) e ‘logos’ (discurso), é a área da filosofia que trata sobre as crenças, a verdade e o conhecimento. É a Epistemologia que buscará responder as questões feitas sobre a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento.
É a epistemologia que tratará do tema sobre conhecimento. É esta área da filosofia que busca identificar os tipos, as fontes e todos os problemas desenvolvidos acerca do conhecimento dentro do campo filosófico.
Quando dizemos que a epistemologia trata das crenças e da verdade, já estamos pressupondo que para haver conhecimento há a necessidade (necessidade no sentido forte da palavra) de que estes dois requisitos sejam identificados nas afirmações.
É a epistemologia que buscará respostas para as questões do tipo: “Que é o conhecimento?”, ou “Em que se fundamenta o conhecimento?”.
Conforme o filósofo Luis Fernando Munaretti da Rosa[1]: “Estamos em um momento histórico em que temos contato com muitas formas de conhecimento, muitas informações. Assim, há milhares de pessoas que se sentem completamente perdidas e zonzas nesse “mar bravio” que está no mundo”. É necessário que saibamos realizar o discernimento entre as coisas, conhecimento e informação, utilizando o intelecto como instrumento para assimilar claramente aquilo que recebemos “de fora”. Pois, há muita gente que sabe muita coisa e conhece muito pouco. Há sim diferença entre saber e conhecer. Você pode saber qual é a capital dos Estados Unidos, saber que o fogo aquece os corpos, saber que a água mata a sede. Esse saber é uma informação assimilada e gravada na memória, e essa memorização de elementos não pode ser tida como conhecimento, pois para ser considerado conhecimento exige-se mais que isso.
Uma coisa é importante quando tratamos as informações que recebemos em todos os momentos dos nossos dias: a busca pela melhor informação, ou seja, aquela que corresponda com a realidade, pois o que queremos é saber a verdade para decidirmos que atitude tomar diante dos fatos que nos são apresentados.
Outro destaque há quanto aos termos ‘saber’ e ‘conhecer’: pois sabemos de muitas coisas através de diferentes formas, mas que nem sempre correspondem com a realidade de maneira coerente, pois há falhas nas fontes destas informações.
Quando dissemos que o conhecimento exige mais que informação gravada na memória, estamos nos referindo aquilo que já relatamos: é necessário que a verdade esteja diretamente relacionada às afirmações que constituem aquilo que chamamos conhecimento. Também é necessário que se creia, se acredite naquilo que se afirma. (conhecimento = crença + verdade)
Mas, o que é o Conhecimento?
De acordo com o filósofo, podemos dizer que o conhecimento faz uma síntese e uma análise entre os saberes; ou que o conhecimento consiste em uma explicação para um fato, fenômeno ou objeto, com o reconhecimento das suas causas e consequências. Por exemplo, as mudanças que ocorreram da Idade Média para a Idade Moderna só forma possíveis porque o ser humano modificou a forma de pensar, buscando explicações mais coerentes do que aquelas que existiam até então.
Já para Maria Lúcia de Arruda Aranha[2], conhecimento é a relação que se estabelece entre um sujeito cognoscente (ou uma consciência) – aquele que quer saber, e um objeto – aquele a ser conhecido. Por ser uma relação, o conhecimento é sempre relativo, pois supõe um ponto de vista (que muda conforme o ângulo), instrumentos (sentidos, conceitos, ferramentas...) e os limites do sujeito que conhece. Ou seja, o conhecimento absoluto não é possível.
Utilizamos para este texto duas definições sobre o conhecimento, mas de acordo com os períodos da filosofia essa compreensão foi sendo alterada. Por isso é possível que se encontre diversas definições sobre conhecimento.
Portanto, o conhecimento não á algo simples, mas sua busca não deve ser vista como algo contrário ao ato de aproveitar a vida. A busca pelas respostas de tantos acontecimentos que nos cercam deve nos motivar cada vez mais a procura do conhecimento, pois é isso que “possibilita conhecermos a nós mesmos, como seres humanos supostamente racionais, sentimentais e sociais” (ROSA, p. 67).





[1] ROSA, Luis Fernando Munaretti da. Filosofia para quem não vai ser filósofo. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2009.
[2] ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Martins, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. 3. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005.

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